quinta-feira, outubro 06, 2011

ACORDA! DESPERTOU!!


thiagO nardOto

O café esfriou, jogou a xícara no chão...
Enquanto aquele horizonte bucólico se desfaz em um fim de tarde, o tom alaranjado que sai por detrás das montanhas lembra a luz vazante da fresta de uma porta num quarto de surpresas.
Sentou-se na cadeira de balanço e agora acompanha os últimos raios de luz se desfazerem no céu. Quando a penumbra é instaurada e a solidão é sua única companhia, para que levantar-se?
O balanço continua em cadência e aqueles momentos preciosos de bela reflexão foram de repente raptados pelo breu! Sua alma agora tão sombria traz a tona lembranças e a conclusão de que a vida lhe escorre entre os dedos!
O frio a gelar a pele, diante de um espelho que reflete a abóbada e lá, a lua. As lembranças mais profundas do seu ser tomam vida e lhe contam uma história. A juventude roubada pelo desespero dos dias, o no-hall que a dialética logo sintetizou, os amores que nunca ficaram, e a felicidade dos desafetos. O vazio que impera e a tardia percepção de que nada tem, só mesmo a contemplação, é o que ficou.
Os dias também lhe fora belos, mas a vida hoje lhe é um castelo de areia que a onda leva a cada vez que vem lhe visitar. Do que é eterno, do que um dia lhe trouxe beleza ao rosto, a saber os verdadeiros amores, a bela família, os grandes amigos, dinheiro e poder... o tempo se encarregou de tirar! Em cada outono alguém se ia para nunca mais voltar, como odeia o outono!
O tempo não para, e ainda por cima não é eterno! Nada é para sempre...
Alvorada!
Aquilo lhe espantou!
O João de barro está fazendo sua própria casa!

Levantou-se então da cadeira que continuou no ritmo cadenciado, nunca parou! Sem embaraço deu o primeiro passo com sua nudez insolente, enquanto uma lágrima escorria pelas fendas, as pisadas eram firmes! Um pardal construindo o ninho, um beija flor se exibindo. Chegou bem perto e com uma face triste, deu um sorriso que lhe faltavam dentes.
olhou para as mãos e disse e ouviu um pássaro dizer: 

tá esperando o quê? ainda dá tempo!





domingo, setembro 18, 2011

AQUARELA


thiagO nardOto




Na minha infância a música Aquarela de Toquinho sempre me impressionou, principalmente, e é lógico, por causa da propaganda da Faber Castel. Uma música que instiga a mente das crianças, sentia que podia construir tudo com  a minha mente quando ouvia Aquarela, me divertia com as batidas da música, e adorava a animação da Faber na propaganda. Achei a animação da Faber de 1995. Que delícia aquele tempo!
Mas depois que comecei a ficar mais velho passei a entender a mensagem da música. Se ouvirmos até o final perceberemos que a música fala de morte, mas não no sentido negativo, e sim no sentido de que a vida está acontecendo e que temos na mão o poder de transformá-la.  
Podemos dizer que nas duas primeiras estrofes os verbos estão no presente do indicativo e a voz é ativa, na primeira pessoa do singular, ou seja, o camarada que está cantando está completamente envolvido na ação, ele é que faz. 
Observe:

"Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...

Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva..."

Interessante como podemos ser agentes de transformação da nossa própria história. Além dos verbos no presente do indicativo, temos o verbo fazer que está no infinitivo e sugere uma opção do desenhista em fazer o castelo, já que é fácil fazer. Outro verbo interessante é o verbo dou que embora esteja na presente do indicativo, ou seja, de fato está acontecendo a ação e o sujeito a está praticando, o verbo é antecedido pelo pronome pessoal oblíquo na primeira pessoa "me" dou, que deixa o verbo na voz reflexiva, logo o sujeito é o autor da ação e a pratica contra si! 
Toquinho nos ensina isso nessas sentenças que podemos ser sujeitos ativos na construção da nossa própria vida, com opções e nos presenteando com o que temos e fazemos.
A incerteza e as coisas que fogem dos nossos planos também é uma mensagem revestida de uma linguagem deliciosa:

"Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho Azul do papel"

Quando bem captada essa mensagem não gera desespero, pois a vida em Aquarela é sempre possibilidades, e outra, é dinâmica! Ao mesmo passo que podemos transformá-la, somos alvos de suas incontinências, as vezes, ela foge ao nosso domínio!
Diante dessa incerteza e das contingências da vida, Toquinho nos dá uma dica: 

"Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu..."

Crie, aprenda e improvise... Quem sabe você pode voar?

"Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Brando navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...
Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...
Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar..."

Fico confuso o que será que tem nesse avião? Enquanto isso o barquinho está navegando. Seriam as possibilidades da vida? Por que iríamos querer que ele pouse? será a morte? acho que não, seria muito prematuro sua partida! ele acabou de sair por entre as nuvens. Ao mesmo passo que partir seria importante, seria a oportunidade de quem está indo! Mas diante das oportunidades "se a gente quiser ele vai pousar...".
As coisas começam a ir e vir na música Aquarela... e as formas simples e abstratas já são complexas e concretas, e as cores? Ficamos adultos!

"Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...

De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...

Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está..."

Partida novamente é um tema explorado.
A Gaivota voa longe, bem longe e vai!
Um Barquinho a vela aparece e segue seu rumo.
O Avião surge e parte!
O Barco está de partida! 
As coisas sempre estão indo, se vão! Mas as pessoas importantes estão sempre em volta, os amigos, a diversão. As experiências que aqui se apresentam são em conhecer o mundo a sua volta. E o futuro, quanta incerteza? embora o a caminhada que o menino faz seja algo extremamente pessoal, ele caminha, mesmo sozinho ou não, a caminhada é algo que cada um fará, mas o futuro, espera por todos!

"E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar

Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar [...]"

Novamente a vida impera e o futuro tão incerto e tão impessoal pode nos fazer rir ou chorar, interessante é que embora, nos preparamos, planejamos, esperamos. Porém tudo é incerto em Aquarela, Saiba viver! Toquinho usou está metáfora da astronave de forma tão certeira, por que não avião? ou  carro e trem?
A astronave nos leva a lugares inimagináveis, que mesmo diante do conhecimento humano, sempre nos deparamos com algo que não conseguimos lidar ou não conhecemos, talvez podemos saber conduzir a nossa própria astronave, mas não podemos determinar ou controlar os obstáculos que virão!
De fato, a vida não é um trem sobre os trilhos tão certeiros, nem um carro na pista, muito menos um avião em sua rota aérea, é uma astronave, tudo lá é diferente! Eis o futuro!
Da individualidade da primeira estrofe a comunidade no final da vida, observe:

"Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá..."

A aquarela da vida vai acabar e a beleza das cores serão ofuscadas, todos caminham por essa passarela e ela um dia perderá sua cor! a morte chegará para todos, e por que não estar sempre cercado das pessoas que amamos? 
Imagina, as crianças compreendendo isso? talvez se assustariam, mas quando compreendemos que isso é uma realidade para todo o ser humano, temos a oportunidade de mudar a nossa história e aprender a viver e lidar com os medos que nos surgem desde a infância!

POR FIM:

"Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
(Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
(Que descolorirá!)
Giro um simples compasso
Num círculo eu faço
O mundo
(Que descolorirá!)"

Entenda, embora tenhamos o poder de criar, mudar e transformar as coisas, tudo irá se acabar, devemos saber viver e lidar com a vida.
Não vejo morte em Aquarela, vejo vida e existência!

PERGUNTO:
Seu estojo escolar está com você?
O que acha de começar a desenhar e a colorir a sua vida?

Um grande abraço!

Segue abaixo a propaganda de Faber Castel que eu ficava viajando quando era criança:







terça-feira, setembro 13, 2011

NOVÍSSIMOS ESTILHAÇOS

thiagO nardOto

Tempos novos, já são tempos nem tão novos assim, porque o novíssimo está à porta e se você abrir, ele vai entrar e cear contigo, mas se você fechar a porta ele te engolirá e o que vai sobrar de ti será uma máquina velha...
Uma engrenagem colonial.
E agora o que fazer?
Pós-Neo-Trans... Transitamos para o fim dos novos tempos, tudo é confuso e as mudanças são traumáticas, o que era médio se tornou intragável, e ela, já foi uma meretriz, amanhã não haverá dignidade de seu próprio sofrimento e um dia será simplesmente irrelevante!
O que era moderno se tornou antiquado. O moderno já não comporta, mas também não alcançou suas potencialidades e falhou, a tribulação veio em 14 e a grande tribulação em 45.
Qual é o sentido do Milênio? 
Por que se importar se temos capital de giro? Disse o homem do século XX.
O que vem depois do moderno? Vanguarda já não é uma palavra adequada, é velha, é antiquada é moderna, e moderno, é velho!
O cristal foi quebrado, agora temos muitos cristais, mas isso não é uma questão de partilha, porque o que impera não é novo, é o novíssimo, o trauma é o que gere o novíssimo.


A ordem agora é FRAGMENTAR!

Eis o Novíssimo!
Quebremos o cristal, quais serão os desdobramentos? Pois bem ceie com o novíssimo e nunca mais será uma unidade.
De tudo um pouco e na face fissuras, nada é completo e a ânsia pela plenitude continua. Retornar aos tempos da completude não cabe mais, entorpecer os sentidos é a forma segura, mas não eficaz de ser pleno, a paranoia é hitech, os psicotrópicos levam a transcendência! configure as emoções, elas são virtuais. Cale-se o segredo é desvendado!
Bem vindo à porta do novíssimo se você entrar vai cear com ele... Só não me pergunte o que tem lá dentro, porque eu não sei a cidade ainda não está acabada, tudo é novo, tudo é tudo e tudo é nada!
No final das contas o ancião de 30 anos disse que tudo é tão velho que chega a ser novíssimo... É um Museu de grandes novidades e no que vem pós, tudo é um espelho quebrado!

segunda-feira, setembro 12, 2011

MEMORIAIS VIVOS

thiagO nardOto

Levantem memoriais!  Bradou o Arauto na escadaria do Palácio Anchieta, ele tinha em suas mãos as Tábuas do Favor. Ao Governador e a nós “co-governadores ele disse:
Um memorial que lembre os homens do amor e do ódio
da justiça e da injustiça
Um memorial que lembre o quanto o homem pode ser demoníaco
E como podem ser orações vivas.
Ergam memoriais por toda a cidade:
Que funcione,
Que constranja,
Que cure,
Que reconcilie!

MEMORIAIS QUE CURE A MEMÓRIA E RECONCILIE A HISTÓRIA!

Levantem memoriais, oh homens!
Não deixe que as marcas da dor na história fiquem sem perdão
Não deixe a dor sem sentido!
Cure a História pela lembrança viva de como não deve ser!
Ergam memoriais que ressuscite os ancestrais da justiça e da verdade!
Que seja provisão para o desprovido e honra para o humilhado.
Quem me dera se cada resistência pela verdade fosse lembrada! Suspirou o Arauto.

Mas, será que o Arauto imagina que os grandes homens dirão que não há necessidade, Pois lembranças de dor são feridas, são fraquezas e vergonhas para qualquer nação. Só que o Arauto insiste dizendo a todos:
A dor e a injustiça de uma raça, de uma classe devem ser lembradas!
Que surjam os memoriais de verdade e justiça, que brote o Madeiro!

Em tom proléptico o Arauto clama em voz amplificada!
Que os homens, mulheres e crianças deste Estado.
Visitem os memoriais em torno da cidade e consigam ver ali a si próprio.
Se vejam como o oprimido, e, como opressor!
Que o constrangimento gere ações de arrependimento e de integração
E que o povo deste Estado do Espírito Santo, faça valer o nome que recebeu, E assim, cada causa seja julgada!

O Arauto foi apedrejado por cada um que passava na Avenida Jerônimo Monteiro.
Silenciou, olhou fundo nos olhos de cada cidadão e desapareceu, Seu olhar transmitiu a mensagem e o anúncio profético passou a ser responsabilidade de quem ouviu os seus brados e agora de quem leu e compreendeu este  anúncio.
Agora é com vocês, agora somos nós!
Ergamos memoriais!
Sejamos memórias!

domingo, setembro 11, 2011

O CHATO DE TATURANA

thiagO nardOto

O dia estava frenético.
Toca o telefone.
Everton atende.

Era um estudante querendo conversar com um jornalista experiente sobre como é ser um jornalista. Toda a equipe estava focada para fechar a edição do dia, pois faltava apenas uma hora para o jornal começar a rodar.

Everton um tanto quanto afobado responde: Estamos no olho do furacão meu irmão, ligue outra hora!

Tum, tum, tum, tum...

Ta bom! O sr José nem é tão emburrado...
Mas, o bigode... idêntico!
Enquanto o ambiente estava fervendo lá vinha José Botelho Nunes da Silva, um homem corcunda de baixa estatura, cabelos grisalhos e bigode mexicano. Sofrido que aparenta ter 60 anos, mas na realidade ontem completou 43, por isso todos o chamavam de sr José. sr José auxiliava nos serviços gerais do escritório.
Uma pessoa nem tão querida naquele recinto, nem por isso odiado. Seu único defeito era sua inconveniência que incomodava a todos, a todos sim e sem exceção!
José Botelho Nunes da Silva é chato!
Um senhor carente que se intrometia nas conversas, o diálogo que travava com a equipe frenética da redação era respondido por meio de um ahã como se todos estivessem fazendo parte do diálogo monologal de José Botelho Nunes da Silva.
Apesar da certeza que o senhor José Botelho Nunes da Silva era um homem chato, algumas opiniões se dividiam no recinto na hora do cafezinho. Porque ele era tão chato? As almas mais caridosas o ouviam com atenção, mas a angústia e a paciência sempre eram testadas neste momento.
Ninguém tinha disposição de demiti-lo, e ele dizia de boca cheia que se o mandassem embora outras empresas estavam atrás dele para contratá-lo, Rubens para não contrariá-lo respondia: ahã...
Sua falta de bom senso era tamanha que às vezes ele parava na mesa do chefe departamento pessoal e observava um documento, ficava curioso, e no meio de todos sem se importar ia se encurvando sobre a mesa, pois sua miopia era muito crônica, até conseguir ler o assunto que havia lhe chamado atenção, para ele isso era comum, mas as pessoas viam aquele homem pseudo-idoso, magrelo, encurvado com o rosto quase colado na mesa e ficavam espantadas com tamanha insensatez. De repente Joana grita: Oh senhor Jose! Contenha-se, não pode ficar bisbilhotando os documentos!
Mas, o senhor José dava um sorriso largo com sua taturana mexicana sobre os beiços e voltava seu a olhar para o chão, pegava sua vassoura e o balde e se ia embora como um pingüim, falando “sozinho” e indo visitar o outro recinto, lá tem a Antônia, ela sempre lhe dá um cafezinho e ouve seus causos!
Seus exaustivos causos!

terça-feira, setembro 06, 2011

DESABAFO 2 - Como os nossos pais!

thiagO nardOto


Como as coisas mudam na vida da gente! 
Márcio esposo da minha prima Dayane diz que "tudo muda, até bermuda!" Acho divertida essa fala. Estava pensando em como as coisas mudaram na minha vida nos últimos anos, talvez seja o momento de fechar para balanço! Quem sabe até o final do ano!
Em tom jornalístico: No desabafo de hoje vamos falar sobre independência...
Penso, que jovem não quer ter a independência? Ter seu espaço, o seu tempo, não prestar contas... essas coisas. Estou justamente no mês em que faço dois anos de experiência longe da casa dos meus pais, ou melhor não debaixo do mesmo teto.
Para mim essa experiência tem sido muito boa, a cada dia aprendo a me cuidar e a me virar!
Acho que não estou conduzindo o texto para onde gostaria, que é na realidade expressar o meu amor e homenagear os meus pais!
A cada dia que passa eu tenho motivos e motivos para dizer o quanto eu os amo, e gostaria de fazer isso publicamente, aqui neste blog!
Ao mesmo passo que o desejo pela independência processado dentro da minha própria vontade me impulsionou a tomar a decisão de sair de casa e "experimentar" morar distante. A independência me mostrou o quanto eu sou dependente, mesmo morando distante e não dando "trabalho" para eles. Quanto mais novos geralmente somos mais arrogantes em relação a vida e ao conhecimento, esquecemos que os dias falam e as cãs dizem muito! Tudo incomoda e as qualidades dos velhos nem sempre são acentuadas!
Gostaria de falar um pouquinho do que vejo e sempre vi nos meus pais: 


Meu pai um herói acolhedor, um pequeno grande homem que mesmo tão sofrido, se dedicou em um projeto que um dia ele acreditou! A vida dele sempre foi correria e seus olhos sempre em busca de garantir o melhor para os seus três filhos, e assim o fez!
Me lembro de cada detalhe, eis a programação: chegar da escola, tomar banho, fazer o dever de casa lembro dele corrigindo alguns, almoçar e depois disso, a tarde era minha, até quando eu ouvia ele gritar o meu nome da janela, e mesmo sob protesto eu acabava entrando para casa ao anoitecer!
Acho que ele é um homem que sabe o que é cuidar, ele sabe amar!
O Legal que ele tá sempre pra cima!


Minha mãe profundamente idealista e corajosa! Mulher bonita que se permite a simplicidade da vida e das amizades, tão carismática e meiga, essa é minha mãe. Amiga dos três filhos.
A despeito das situações que a vida lhe impôs sempre superando, hoje eu conversei com ela e como alegrou minha tarde e me contagiou com sua ânsia por contemplar a beleza da vida!
As vezes ela fica cabisbaixo, mas como diz Jó... "o cheiro das águas" (Jo 14:7)  faz ela brotar e potencializa o melhor que tem nela: Seu imenso amor!


Como escreveu Belchior e cantou Elis Regina "


"Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
(...) Como os nossos pais..."


Por mais que se fuja, por mais que se negue, quantas coisas observo deles em mim:
As qualidades deles eu encontro em mim, Os defeitos deles eu encontro em mim, e o pior.
As manias deles eu encontro em mim! Sou tão meus pais que me assusto!
Acho que dizer isso não é nada ruim, o fato é que o mundo não é bem resolvido e quando falamos de relações pessoais, em quaisquer que sejam os níveis, sempre temos que tomar uma postura de sinceridade diante delas para assumir em que condições e a que condições estamos nos nossos relacionamentos!
Talvez o mais difícil é assumir que não existe relacionamento perfeito, e como diria meu caro amigo Mario Jonas: Isso é família!! 
Será que se cada um de nós assumir essa fragilidade conseguiríamos mudar algo?
Bom.... Já é mais de meia noite e tenho que acordar daqui a quatro horas (5:40 am) essa rápida homenagem não chega a nem ser sombra do que sinto pelos meus pais!


Obrigado Pai e Mãe eu os amo!


Valew Deus!

domingo, setembro 04, 2011

DESABAFO 1 - Conhecer e crescer!

thiagO nardOto

Eu quero a sorte de um amor tranquilo... Isso é um desejo intenso dentro do meu peito ultimamente. Um amor que como dizia o poeta "com sabor de fruta mordida".
Acho que está na hora de viver um grande amor, vivenciar no fantástico um romance de livro!
Quando penso em relacionamentos um imperativo que me vem a mente é o conhecer a outra pessoa.
Lógico existem diversos atributos dentro de um relacionamento saudável, o fator amor é tão imprescindível que é o primeiro da lista, e entendo que os demais devem estar aliados ou submetidos ao CONHECER a pessoa com quem se relaciona.
O amor se amplia junto com o conhecimento que se tem do outro, cada vez mais as experiências diárias mostram como somos, o que gostamos, os defeitos e qualidades. O amor e o conhecimento se interdependem. E o tempo, diz coisas!
Adquirimos confiança nas pessoas a medida que a conhecemos, a vontade de estar junto aumenta e a cumplicidade, acende a chama da paixão. É tão interessante que apenas de olhar para a pessoa amada sabemos se ela gostou ou não de uma determinada atitude ou de um presente, isso só é possível se de fato conhecermos a pessoa que amamos e que nos relacionamos!
É necessário conhecer a pessoa que estamos nos relacionamos, saber fazer a leitura de seus gostos e tentar entender a sua personalidade e seu caráter, conhecer não para dominar, mas para potencializar as qualidades da pessoa que se ama!
Mas a recíproca deve ser verdadeira devemos também nos permitir ser conhecido.
Não consigo me imaginar amando uma mulher e não a conhecer, muito menos consigo me imaginar não ser conhecido por ela! conhecer seus sonhos, entender suas fraquezas e potencializar suas qualidades, amar ao ponto de ensina-la a voar! Conseguir ler o que está acontecendo através do seu olhar e que a cada manhã durante o café eu consiga compreender o livro que ela está lendo, apenas observando os seus lábios quando mexem durante sua leitura silenciosa!
Mas é preciso ser conhecido por ela também, a recíproca deve ser verdadeira e estou disposto a ser alvo de suas leituras, minha alma está aberta e meu coração acolhedor quer ser pesquisado!

Sei que existem diversos fatores que podem provar o contrário do que eu disse! 
Talvez casais antigos se conheçam tão bem e o fato de se conhecerem não é imperativo para se amarem mais, alguns acabam em tragédia! 
Relacionamentos são dinâmicos e vivos, não há regras fixas. Mas na medida do que atende a cada um, penso que devemos buscar imperativos que sejam relevantes para cada relacionamento em particular!

Para mim conhecer é importante.

O que é relevante para você?


Boa noite!!

segunda-feira, junho 27, 2011

de Seguro a Alcatraz

thiagO nardOto

Já era tarde da noite e estávamos conversando, em desabafo um amigo meu disse que aprendeu a não criar expectativas para algumas coisas, a saber, para os relacionamentos. Achei maduro de sua parte ter esta “zona de segurança”, pois, até onde entendi a sua não-expectativa é não-expectativa-precoce, é a compreensão de que o tempo edificará fortes relacionamentos e para menores traumas, este caro amigo, criou para si uma zona de segurança, não entrando de cabeça em uma relação. Certo momento ele me disse que talvez não conseguiria amar novamente, penso que isso seja apenas um desdobramento de sua “zona de segurança” lhe protegendo de possíveis experiências traumáticas, mas é claro que amará novamente, ele é resiliente!
Este breve diálogo com Alexandre (um bom pseudônimo não?) me fez pensar bastante a respeito do que as expectativas tem a ver com os relacionamentos, como seria viver sem expectativas e de uma forma geral como ela é importante?
Na vida conheceremos muitas pessoas, mas apenas algumas conseguirão entrar de forma tão profunda em nossas vidas, quando percebemos que determinados relacionamentos são promissores, pois uma série de fatores indica isso: a identificação, a simpatia, a diversão, a lealdade, etc. sugerem que pode acontecer algo mais profundo nesses laços, e ai existe a expectativa de que sentimentos mais sofisticados possam envolver esta relação, tais quais, a empatia, compaixão, fidelidade, companheirismo, amizade, amor, etc. Ter um relacionamento mais concreto nas multifaces do amor torna-se uma possibilidade ou até mesmo um acontecimento.
Estar numa ilha não significa desfrutar de suas belezas!
A expectativa é algo que sempre irá acontecer, faz parte dos anseios da psique. Assim como uma amizade acontece, um amor nasce e se consolida, o revés também é contingência. A expectativa gira em torno das possibilidades e infelizmente, ou, felizmente não é matemático, talvez Sheldon o grande físico do seriado The Big Bang Theory desenvolva alguns cálculos de análise combinatória, estatísticas, afinal sua vida é pautada por métodos exatos e de uma forma bem hilária vemos Sheldon acertar e errar! Não há como aplicar métodos assim para a vida individual deixemos as ciências usarem os cálculos de probabilidade para os seus devidos fins, na vida onde há tato, o que nos resta é experienciar a expectativa, a especulação é especulação!
Dessa forma, vejo que a expectativa é ansiedade, é probabilidade, é espera, e melhor: esperança. Seu revés é a desmotivação, poderia considerar também a frustração, é o baque do desapontamento, e por fim, a decepção. Como seria viver uma vida sem expectativas? Ter expectativas corresponde a correr riscos, o risco de assumir a responsabilidade do que virá a acontecer e administrá-lo. Viver uma vida sem expectativas, sem a magia da esperança é como acordar sempre num dia cinzento, não ver a beleza das cores é ver que as “zonas de segurança” quando não bem delimitadas tornam-se grande prisões, ser prisioneiro de si é ser julgado é ter o pior julgamento, onde o juiz é o “si”.
Se levássemos ao pé da letra a vida sem expectativas, poderíamos fazer uma lobotomotização na sociedade, tiraríamos a beleza e as emoções, logo sem expectativas mataríamos o mistério, como nos relacionaríamos com as dúvidas? Não sei! Mas as respostas tão necessárias talvez não fossem encontradas, e se encontradas, não haveria a vibração, a pulsação e a adrenalina do gol das finais de Copa.
Quanto ao novo? O novo sempre será o novo! Mas quando se vê somente nuvens cinzas e densas, na ausência de expectativas como se pode esperar dias de sol? O novo é cinza em dias lobotomizados, e na porta do coração encontraríamos grades de Alcatraz!
Como a expectativa é importante em quaisquer situações, precisamos dosar o medo que impera e tira a beleza e o mistério das possibilidades, assumir o risco de ser feliz e compreender que isso é responsabilidade!
Que a expectativa gere dúvidas, sim gere dúvidas, traga a esperança e a ânsia em ver o rosto do menino, que ainda está em segredo na barriga da mãe, que nos ensine a lidar com os desapontamentos, e assim, a uma consciência de humildade, pois os desapontados e decepcionados, também já estiveram do outra lado.
Vivamos a expectativa em uma consciência equilibrada sem extingui-la e também sem super dimensioná-la. Cuidado, as nossas “zonas de segurança” podem se tornar fortalezas, Alcatraz!
Good Luck!