segunda-feira, março 05, 2012

QUAL É O SENTIDO?

thiagO nardOto


Já são 02 da madruga, uma tristeza repentina aperta meu peito, a tímida insônia que tem me conquistado diariamente, e mais uma vez vem me visitar... Soma-se a essa situação o fato de eu a esta altura já ter matado uns 20 pernilongos.
Questionamentos sobre a vida e seu sentido, o sentido do próximo, o propósito das coisas. Tudo isso martela em minha mente, e de repente, eu falo: quanta prepotência, como posso fazer questionamentos tão profundos se sou apenas o Thiago Nardoto, leia Freud, pense em Einstein...
Deveria calar o meu ser e deixar que o viés religioso, que sempre respondeu os meus inúmeros questionamentos ditasse a cor e o tom. Mas o sistema religioso já não suporta, ou então, o que eu conheço sobre religiosidade é hoje apenas uma máquina velha, tal qual a monarquia, tanta pompa... E nenhuma utilidade sincera...
Mas, acredito que em se tratando do sagrado, há algo supra, há algo meta... que transcenda a realidade raquítica dos nossos sistemas religiosos, que dê vida e dê sentido, que dê respostas! Os ideias do Cristo dos evangelhos sim. Embora a Igreja os tratem por utopias!
Sentido... Palavra esta que faz parte dos termos mais questionados em tempos pós-modernos, tempo este que “perverteu” instituições já estabelecidas há milênios, relativizou teorias científicas, e lançou a fé para o ponto de vista do observador tirando-a de um ponto fixo e seguro.
Sentido me traz a memória Viktor Frankl, não tenho nesse momento paciência para falar da história do Frankl, porém seu livro “Em busca de sentido” lançado em 1946, conta sua experiência de prisioneiro judeu em campo de concentração, Viktor um psiquiatra prisioneiro.
Algumas frases do Viktor:

"A liberdade espiritual do ser humano, a qual não se lhe pode tirar, permite-lhe, até o ultimo suspiro, configurar sua vida de modo que tenha sentido."
"Nós que vivemos em campos de concentração podemos nos lembrar que os homens que percorriam as barracas para confortar os outros, abriam mão de seu último pedaço de pão. Eles podem ter sido poucos em número, mas eles sustentaram prova suficiente de que tudo pode ser tirado de um homem exceto por uma coisa: a última de suas liberdades—escolher sua atitude em um determinado arranjo circunstancial, a escolha de seu próprio caminho."
"Fundamentalmente, portanto, qualquer homem pode, mesmo sob tais circunstâncias, decidir no que ele deve se tornar - mentalmente e espiritualmente. Ele pode manter sua dignidade humana mesmo em um campo de concentração."
"Nós podemos descobrir o significado da vida de três diferentes maneiras: (1) fazendo alguma coisa; (2) experimentando um valor; e (3) sofrendo."

Achei tão interessante quando a questão ontológica é colocada em debate, o SER é um bem tão maravilhoso, que podem nos tirar tudo, mas nunca a dignidade de Ser, é isso que Viktor me diz.
O que seria capaz de tirar a nossa dignidade de ser um SER HUMANO?
Quem levaria o nosso bem último, nossa capacidade de SER, que é essa liberdade dentro do nosso âmago? Não existe prisão psicológica, espiritual, sistema financeiros, meios de comunicação, coerção social. Nem a lobotomia tira a dignidade do SER de pensar!
Não há nada que consiga eliminar o gostinho que bate lá no fundo, que mesmo em meio ao sofrimento, podemos sentir... de que no mundo que vive dentro do nosso peito, lá dentro... Podemos até voar!
O problema do sofrimento continua a existir, mas a certeza da liberdade no âmago do SER, na capacidade de raciocínio e no reconhecimento de sua própria individualidade, não pode ser domado! O sentido está ai, na possibilidade de ser, mesmo diante das adversidades!
O SER vai continuar incomodando os dominadores de SER...



Deus nos guie ao sentido da vida!

Acho que já to viajando, mas o sono ainda não chegou... Vou me esforçar para dormir!