domingo, setembro 11, 2011

O CHATO DE TATURANA

thiagO nardOto

O dia estava frenético.
Toca o telefone.
Everton atende.

Era um estudante querendo conversar com um jornalista experiente sobre como é ser um jornalista. Toda a equipe estava focada para fechar a edição do dia, pois faltava apenas uma hora para o jornal começar a rodar.

Everton um tanto quanto afobado responde: Estamos no olho do furacão meu irmão, ligue outra hora!

Tum, tum, tum, tum...

Ta bom! O sr José nem é tão emburrado...
Mas, o bigode... idêntico!
Enquanto o ambiente estava fervendo lá vinha José Botelho Nunes da Silva, um homem corcunda de baixa estatura, cabelos grisalhos e bigode mexicano. Sofrido que aparenta ter 60 anos, mas na realidade ontem completou 43, por isso todos o chamavam de sr José. sr José auxiliava nos serviços gerais do escritório.
Uma pessoa nem tão querida naquele recinto, nem por isso odiado. Seu único defeito era sua inconveniência que incomodava a todos, a todos sim e sem exceção!
José Botelho Nunes da Silva é chato!
Um senhor carente que se intrometia nas conversas, o diálogo que travava com a equipe frenética da redação era respondido por meio de um ahã como se todos estivessem fazendo parte do diálogo monologal de José Botelho Nunes da Silva.
Apesar da certeza que o senhor José Botelho Nunes da Silva era um homem chato, algumas opiniões se dividiam no recinto na hora do cafezinho. Porque ele era tão chato? As almas mais caridosas o ouviam com atenção, mas a angústia e a paciência sempre eram testadas neste momento.
Ninguém tinha disposição de demiti-lo, e ele dizia de boca cheia que se o mandassem embora outras empresas estavam atrás dele para contratá-lo, Rubens para não contrariá-lo respondia: ahã...
Sua falta de bom senso era tamanha que às vezes ele parava na mesa do chefe departamento pessoal e observava um documento, ficava curioso, e no meio de todos sem se importar ia se encurvando sobre a mesa, pois sua miopia era muito crônica, até conseguir ler o assunto que havia lhe chamado atenção, para ele isso era comum, mas as pessoas viam aquele homem pseudo-idoso, magrelo, encurvado com o rosto quase colado na mesa e ficavam espantadas com tamanha insensatez. De repente Joana grita: Oh senhor Jose! Contenha-se, não pode ficar bisbilhotando os documentos!
Mas, o senhor José dava um sorriso largo com sua taturana mexicana sobre os beiços e voltava seu a olhar para o chão, pegava sua vassoura e o balde e se ia embora como um pingüim, falando “sozinho” e indo visitar o outro recinto, lá tem a Antônia, ela sempre lhe dá um cafezinho e ouve seus causos!
Seus exaustivos causos!

Um comentário:

  1. O triste é saber que existem muitos seus Josés Botelho Nunes da Silva...kkkkk

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